Este fim de semana fui para Curitiba com uma empresa especializada em levar o pessoal para fazer concursos. Bom, o que eu fui fazer lá?
Na ida estava aquele climão, ou era o sono mesmo de quem tinha que estar num sábado de manhã no local de saída da van. Como sempre, enquanto não conseguia dormir, fiquei pensando em algumas coisas, principalmente na ansiedade e nesta vontade de passar em concurso público. E isto me lembrou um livro incrível que li ano passado - O Filho Eterno, do curitibano - que na verdade é catarinense - Cristóvão Tezza.
Minha irmã e meu cunhado mostraram o livro para a família nos dias em que meu pai esteve no hospital ano passado.
É um romance autobiográfico do Tezza, na época em que sonhava em se tornar escritor e teve seu filho, com sindrome de down. Imaginem como era, se não me engano na década de 90, se hoje ainda há um preconceito enorme.
O autor não conseguia aceitar este filho, demorou anos para falar que tinha um filho com síndrome de down, o Felipe. E Tezza fala com sinceridade para seus leitores, abre a sua alma, revela seus pensamentos, mesmo aqueles que qualquer outro teria vergonha em partilhar.
Enquanto lia, como que partilhei as angústias com o autor. A dificuldade em aceitar seu filho, a infelicidade profissional.
Quando, em certo momento, ele começa a dar aulas na Universidade - professor concursado - ele fala quem mesmo não admitindo, "9 em cada 10 brasileiros sonham em ter um emprego público". E todas as experiências que eu tenho só confirmam isto.
Um livro para qualquer pessoa, qualquer família.
_1º lugar na categoria romance do prêmio Jabuti 2008