Andei dando uma boa sumida e abandonando meu blog, mas pretendo ir retornando aos poucos. Não vou poder atualizar mais com tanta frequência (algum dia eu consegui?). Assumi alguns compromissos novos, como frequentar um cursinho para o concurso do Ministério Público e ser caloura novamente, agora cursando Administração.
A idéia de escrever sobre o livro Germinal eu já tinha, na verdade se ele não está na lista dos livros a serem postados foi uma incrível auto sabotagem minha. Li o Germinal em 2009 e pretendo reler quantas vezes puder. Não tenho adjetivos para descrevê-lo...na verdade tenho tantos, mas nenhum seria o ideal.
Eu reconheço um clássico não apenas como um livro que você ama...se fosse assim, meu clássico dos clássicos seria a história da sementinha, um livro que tive no jardim e que chorei para doar para a biblioteca da escola em troca da minha carteirinha...na verdade eu sempre voltava lá e visitava o "meu" livrinho...Voltando, então, estes livros encantam a gente, mas o verdadeiro clássico não apenas encanta, é aquele livro que desperta sensações e sentimentos diversos, que você ama, odeia, sente asco, raiva, hesita em ler os próximos capítulos, se surpreende...
Um exemplo que eu não poderia deixar de citar aqui é "Ensaio sobre a Cegueira", do Saramago. Não tem como descrever certinho, é um livro pesado, as páginas custam para acabar, mas não por ser ruim, mas ao contrário, por ser tão fiel com a humanidade. Em ensaio os humanos mostram o seu lado selvagem, de bicho mesmo, dói ler coisas assim, a realidade espanta. Não é à toa que assim que li emprestei para uma amiga. Passou um ano e ela, sempre que me vê fala "ai Poli, não consigo terminar o livro". Eu tive muitos pesadelos, é difícil encarar a verdade assim, tão crua...
Bom, dei uma volta enorme para voltar em "Germinal". Na aula de fundamentos da administração o professor começou a falar de pessoas que influenciaram a administração e falou de Marx que, na opinião dele, ajudou não só a classe operária, mas também os patrões, que assim souberam "disfarçar" melhor a exploração, tentando agradar os empregados para controlá-los melhor...achei um ponto de vista interessantíssimo...nunca tinha pensado nisso, não é à toa que ele é o professor...hehehe...e nesta mesma discussão ele falou de "Germinal", mas do filme.
Eu nunca consegui ver este filme, nem preciso falar que na locadora que eu vou não tem e a minha internet está muito ruim para baixar, mas depois de ler o livro, imagino que o filme deve ser fichinha...
Émile Zola, pelo pouco que sei, dedicou parte da vida escrevendo livros ligados entre si, sendo que o "Germinal" foi o mais famoso. O livro fala da exploração de trabalhadores em minas de carvão na França do século passado - ou o outro ainda - que trabalhavam em condições, no mínimo, desumanas. Não querendo contar o livro, mas já contando, em uma parte, há um problema e os trabalhadores ficam presos na mina, centenas de metros abaixo do solo. Como se não bastasse, a desgraça era maior ainda tendo em conta a umidade e o frio lá em baixo...
não vou tentar explicar a cena, mas este também é um daqueles clássicos de ter pesadelos. Enquanto lia, meu pés ficavam gelados, imaginava aquela situação, mesmo sabendo que a minha imaginação não devia chegar nem perto do sofrimento deles...
Pra mim, Zola não precisava ter escrito uma coleção de livros, apenas a cena que citei acima já o coloca entre um escritor imortal da literatura...