O tal do ônibus |
Do ônibus, uma igreja ortodoxa russa |
O caminito é bem perto do estádio do Boca, dá para fazer os dois juntos, mas esteja preparado para abordagens dos vendedores |
Alguns dias depois de retornar da capital
portenha, resolvi escrever um post sobre as novidades turísticas de Buenos Aires que
não encontrei em blogs ou em dicas de sites sobre a cidade. Muitas pessoas me perguntaram como anda BA e considero que faltam informações
atuais para uma pessoa que escolhe viajar para lá.
A primeira coisa importante é que a
Argentina não é mais barata. Em 2004, na primeira vez em que estive lá o custo
de vida era baixo em relação ao Brasil. Tudo bem que não fui para a capital,
daquela vez fiquei uma semana em Rosário, cidade onde minha irmã estudava, mas
me recordo que apesar do câmbio não estar tão favorável para os brasileiros,
tomar um café com facturas era bem em conta.
Em 2011, retornei com meus pais, aí sim
para Buenos Aires. Ouvíamos bastante sobre os preços baixos de roupas e dos outlets
da vila Crespo e perdemos um dia dos quatro que passamos na cidade procurando
pechinchas e não encontrando quase nada barato. Desta vez a situação não
favorece as compras. Só mesmo no duty free do Ezeiza (o aeroporto por qual
entram maior parte dos brasileiros, distante a uma hora do centro). Melhor
mesmo gastar os pesos (e reais, esta será a primeira dica) para passar bem,
fazer passeios e trazer as melhores lembranças na memória.
Como adiantei, o primeiro conselho é levar
reais. Com a inflação, em vários lugares turísticos eles aceitam reais e fazem
uma troca mais vantajosa que nas casas de câmbio brasileiras. Eu paguei R$ 0,47
pelo peso argentino na Confidence, aqui no Brasil. Lá, nos lugares que
aceitavam real era pelo menos 3 para um, ou R$ 0,33 por peso. Chegamos a passar
em alguns estabelecimentos que trocavam 4 para um, ou R$ 0,25 por peso. O
importante de se lembrar é que estou falando de lojas e restaurantes, onde você
pagaria a conta em real e o troco seria em peso, sem cair naquelas armadilhas
de trocar o dinheiro no calçadão da rua Florida correndo o risco de sair na
"vantagem" e morrer com notas falsas na mão.
Um exemplo de como compensa levar real
tivemos ao comprar entradas para o tango no histórico Café Tornoni (localizado
na avenida de Maio, perto da Florida e da praça de Maio, tem mais de 150 anos).
Eu e o Thiago pagamos $130 cada um, quase R$ 65. Nossos amigos, que levaram
real, pagaram R$ 45. E ali, como em muitos outros, não aceitam cartão.
Saindo do Aeroporto
Quem chega em Buenos Aires de dia também
tem a opção de economizar pegando um ônibus executivo para o centro. Nós fomos
ao balcão da Manuel Tienda León e
pagamos $ 90 pesos cada um. De taxi é uns $ 300 mais a gorjeta (propina). Apesar
de já ter estudado espanhol por um ano e meio não consigo falar nada, então
pedimos informação em portunhol no balcão de informações do aeroporto e nos
indicaram o guichê desta companhia (tinha lido antes também em blogs). Com os
funcionários, foi só mostrar a reserva do hotel que nos passaram o preço (varia
de acordo com a distância) e fomos pegar o ônibus. Saindo do aeroporto,
seguimos por uma passarela e viramos a esquerda. O veículo não é como o que vai
para o Afonso Pena, aqui em Curitiba, mas é bom e chega rápido. Uma hora e
chegamos no posto que eles tem quase no centro, de lá nos levam em carros até a
porta do hotel.
Bem mais tranquilo que em 2011. Na época
tinha lido sobre chegar ao centro de ônibus urbano. Resolvi
colocar meus pais nesta roubada e fomos lá para o ponto com o dinheiro trocado.
Eram dois pesos por pessoa e apesar de todos falarem que só aceitavam
"moneda" não me atentei a este detalhe e perdemos o primeiro ônibus
porque era preciso colocar as moedas para passar pela catraca. E lá fui eu
correndo para a casa de câmbio conseguir as meninas.
Esta foi só a primeira complicação, ainda
tivemos dificuldade com as malas e com o tempo, quase duas horas para chegar ao
centro, e pegar um taxi porque já estava escuro e não sabíamos chegar ao hotel.
Quem tiver paciência até encara e pode achar de boa, mas não sejam como eu e
façam seus pais passarem por isso! Também não tenho o preço atual dos ônibus.
Turistando
Desta vez encaramos o ônibus de turismo.
Escolhemos o pacote de dois dias pela pequena diferença de preço, $ 150 por 24
horas, $ 190 por 48. Para quem compra na internet (acabei de ver aqui
http://www.buenosairesbus.com/pt/servico.htm) ainda tem um descontinho, mas
compramos o bilhete no ponto zero, na diagonal norte, uma avenida que vai do
Obelisco para a praça de Maio (onde fica a casa rosada). A linha amarela (que
passa pelos pontos mais tradicionais) para em 24 pontos (no site tem 20 em um
lugar, 25 em outro), mas se você está querendo descer tem que ficar na porta ou
avisar o guia um pouco antes. Se não tem ninguém na beira e ninguém no ponto
para subir ele não para.
O bom do ônibus é que ele dá uma visão
geral da cidade, o ruim é que é meio caro, se forem mais de duas pessoas e
dividirem taxi para alguns lugares pode sair mais barato, o horário não é muito
respeitado e mesmo no frio eles não fecham a parte de cima e em muitos carros
não dá para ficar em pé na parte de baixo. Tem que aguentar o frio e o vento.
Dois lugares que amei ter visitado foram o
Teatro Colón e a Casa Rosada. O site estava com problemas antes de ir e
mostrava todas as visitas guiadas lotadas, mas chegamos no primeiro horário, 9
horas e conseguimos. A entrada é $ 110 (aceita cartão), bem cara, mas vale
visitar a sala principal e ouvir histórias sobre aquele lugar tão lindo. Mas
quem puder ver um espetáculo lá, as entradas mais baratas - segundo o guia -
começam em US$ 10 e muitos domingos tem apresentações abertas de música. No
domingo que passamos lá não tinha.
Teto do teatro com lustre de 1,5 tonelada que desce em dias de espetáculo |
A Casa Rosada é bem lotada. Eles oferecem tour gratuito, mas o guia não chega nem aos pés do
guia do Colón ou da Bombonera ($ 60 cada, aceita cartão). É preciso pegar uma
senha e aguardar pela visita que dura uma hora e passa pelo salão azul (com
obras de argentinos), sala de Eva Perón, sacada, salão branco (onde os
presidentes eram empossados) e até mesmo a sala do presidente (nesta parte é
proibido fotografar). As visitas acontecem aos sábados, domingos e feriados,
das 10 às 18 horas.
Tango
O Thiago não gosta muito de dança. Eu
adoro, mas em 2011 já vi um show maravilhoso de tango no Piazzolla e estava com vontade de ver um menor sem gastar
tanto. Li sobre os shows no Centro Cultural Borges, que fica nas Galerias
Pacífico. Fomos ver a programação, tem toda sexta, sábado e domingo e custa $
130. Acabamos escolhendo no Café Tornoni (como coloquei no início do post, $
130 também) para conhecer o lugar. Fomos no sábado de manhã comprar as
entradas, comemos churros - ali eles sempre explicam que os churros deles não
tem recheio, acho que muitos brasileiros se decepcionam, então já avisam antes
- e voltamos no domingo assistir. Estava cheio, a cantora e os músicos eram
bons, os bailarinos também, mas dança mesmo foram só quatro e as roupas do
casal estavam bem fraquinhas. Num lugar grande, nem conseguimos reparar, mas
quando o lugar é intimista há que se ter um cuidado com os detalhes...
Comida
Buenos Aires é um lugar para se comer bem.
A comida lá já foi bem mais em conta, mas ainda dá para passar muito bem. Demos
sorte de encontrar um casal de amigos ainda na sexta-feira de manhã e passarmos
o fim de semana com eles. Ele, que estuda qualidade de carne do Brasil, estava
com nomes de alguns restaurantes indicados por um especialista, e assim fomos
no sábado jantar no Al Carbón, pertinho
das Galerias Pacífico, e no almoço de domingo no La Brigada, em San Telmo. O
segundo, dizem, é um dos melhores para se comer carne na cidade, só perdendo
para o Las Lilas de Porto Madero, mas com preço mais acessível. Em ambos a
conta ficou em média $ 300, sem o serviço. Outra coisa boa do La Brigada é que ele é perto da feira de antiguidades de San Telmo, pelo menos se você for lá para almoçar no domingo não fica bravo com a feirinha que não tem nada de diferente (o domingo estava chuvoso, mas tenho a impressão que não tem muito mais do que vimos).
Também fomos no El San Juanino, na
Recoleta, comer empanadas. Na sexta chegamos lá e estava fechado, abre das 12h
às 16h e das 19h até não sei que horas, aí voltamos almoçar no sábado. A de
carne é boa, mas melhor ainda é a de queijo roquefort. Comer as duas juntas,
então... Para comer lá, cada uma era $ 13. Para levar, $ 10 cada. De lá fomos no Cemitério da Recoleta, muito mais interessante na noite anterior pois tem um calçadão na frente, com Freddo e barzinhos. Durante o dia, tivemos que dar uma gorjeta para um cara que nos explicou onde era o túmulo da Eva Perón e levamos um susto com um gato preto (que bom que eu acredito que eles dão sorte) que pulou do teto de um túmulo para o outro.
Entrada do cemitério da Recoleta |
Igreja ao lado do cemitério |
O que pesava mais na conta (comparado ao
que estamos acostumados) é a bebida, a proporção entre a bebida e a comida é
bem maior do que no Brasil. Uma água de garrafa de plástico nos quisques de rua
custam cerca de $ 18 pesos, R$ 9. Nos restaurantes, o refrigerante é uns $ 20
pesos, $ 35 a garrafa de água (de vidro, melhor que a de plástico que vem com
gosto salgado), $ 50 uma cerveja. Não somos chegados a vinho, então nesta
questão é melhor procurar conselhos de quem entende.
Extras
Quase esqueço de comentar...
- Perto dos Jardins de Palermo, onde tem o Rosedal (lugar
maravilhoso, fui da outra vez), Botânico e Zoológico, tem o Clube Hípico de
Buenos Aires. É aberto ao público, então entramos, andamos nas baias, vimos a
pista, os caixas de apostas até o segurança pedir para a gente sair. Aí na
entrada principal encontramos um cassino, cheio de velhinhos jogando nas máquinas.
Claro que não podia fotografar, mas ficamos um tempo lá observando;
- Também fomos ver praça de Maio um dia de
noite. A Casa Rosada fica iluminada,
achei meio falso, mas lindo do mesmo jeito. Cada prédio de uma cor, uma visão
diferente;
- A 9 de Julho e a Florida, avenida principal e o calçadão point dos turistas, estão em obras. A previsão de entrega é para as comemorações de 9 de julho deste ano, mas me parece bem otimista;
- Aos homens apaixonados por futebol cuidado ao tentar ver um jogo. O Thiago e o amigo pegaram um taxi para ver a partida entre Boca e Racing e o taxista deixou eles no meio do nada. Uns policiais que eles encontraram no caminho falaram que era muito perigoso e que seriam assaltados. O melhor é encontrar uma agência que ofereça um pacote com jogo.