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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Londrina e Hilda Furacão

Estava escrevendo aqui que estou lendo "Perto do Coração Selvagem" da Clarice Lispector e "A Insustentável leveza do Ser" de Milan Kundera e estava esquecendo de "Hilda Furacão" de Roberto Drummond.
Indo para Jacarezinho no feriado de dia 12 de outubro, parei por uma hora no terminal rodoviário de lá. Desde as primeiras vezes em que lá estive, senti uma grande nostalgia. Acho que as rodoviárias trazem este sentimento muito forte para mim, todas as mudanças, as viagens, os retornos chorosos, o iogurte que minha irmã comprava para mim, mesmo sabendo que minha mãe falaria que ele era o culpado de meu mal estar durante a viagem...
Acho que tinha uns 12 anos quando comecei a passar por aquela rodoviária. Estávamos morando em Santo Antônio da Platina e era preciso trocar de ônibus em Londrina para chegar a Apucarana, onde acreditava que estavam minhas raízes mais fortes. Depois, quando deixamos Cornélio Procópio para residir em Maringá, percebi que as raízes podem ser fincadas em diversos lugares. Mesmo que elas não cresçam com a mesma intensidade de onde é cultivada com mais dedicação, ela sempre tem uma parte dormente, que ao menor estímulo revela o poder dentro de si.
Na época desta última mudança em família, passei por momentos não muito agradáveis, mas com 13 anos, já podia ir de ônibus sozinha para Cornélio rever meus amigos. Acho que a impressão que tive das rodoviárias foi herdada daquele tempo. Esperei horas e horas em Londrina, em Cornélio. Não via a hora do ônibus chegar, mas quando ele deixava a plataforma e se afastava,...
Depois fui para Londrina, onde fiz jornalismo. No primeiro ano de faculdade, quando vinha para Maringá quase todo fim de semana, sempre comprava passagem no ônibus das 17 horas. Saia da aula meio-dia, tinha um ônibus 14 e 15, mas morria de medo de perder no horário. Muitas vezes chegava antes deste primeiro ônibus sair...ficava naquele terminal redondo, sem fim, olhando os artesãos montar as barraquinhas para as feirinhas de sexta...Descobri o maravilhoso suco da rodoviária - um dos poucos lugares que saio da zona de conforto do meu suco de laranja para experimentar algum sabor com uva ou morango (quase sempre os dois).
A ida, Londrina-Maringá era cheia de expectativa, mas a volta...pegar a leste-oeste...passar pelo terminal urbano...entrar na rodoviária era uma tristeza só. Domingo à noite já não costuma ser uma noite boa, quando você tem aula no outro dia e deixa em outro lugar pessoas queridas,...
Mas o tempo é incrível...comecei a me acostumar com aquele lugar. Como em outros lugares da cidade, fiquei muito satisfeita ao saber que aquele lugar tinha sido a zona boêmia de Londrina desde o início da cidade e que a demolição de todas as casas e, posteriormente, a construção da rodoviária tinha sido um jeito de encobrir aquela parte "vergonhosa" da história da cidade. Achei a construção super pertinente...nostálgica como deve ser um lugar de despedidas e encontros...
Como último trabalho da faculdade, criamos uma série radiofônica homenageando a história da cidade, em 2009. Entre os entrevistados, Edson Holtz, autor do livro "Noites Ilícitas" contava
sobre sua pesquisa, exatamente sobre esta Londrina, tão esquecida. Em um trecho, lembro-me, que ele diz (não com estas palavras, mas de forma muito mais bonita e poética) que embaixo daquele concreto todo, ainda ecoavam risadas e estouros das garrafas de champanhe da época de ouro da zona boêmia da cidade.
Então, neste dia 12 de outubro, entrei na banca de revista da rodoviária para comprar o livro que tinha visto na ida a Jacarezinho, "Hilda Furacão". Lendo sua contra capa, descobri que o autor tinha inspirado o frei protagonista em seu amigo frei Betto, o que me deixou curiosíssima. Como este mês vou para Belo Horizonte, tive certeza de que aquele livro não estava ali por acaso e antes mesmo do fim daquele dia já estava pensando em Hilda Furacão, a garota do maiô dourado que chocou a capital mineira no fim da década de 50.
Quase devorei o livro e agora consigo entender porque a minissérie foi um sucesso tão grande da Globo. Para pessoas curiosas, é aquele tipo de livro angustiante...as descrições são tão perfeitas que eu custo a acreditar que a Hilda é um personagem totalmente fictício. Como uma pessoa extremamente interessada na cultura brasileira ligada à ditadura militar, passei a recomendar a todos brasileiros, como uma forma sutil de nos levar a questionar os vinte anos mais tristes de nossa história.



Abandono Total e retorno a Moby Dick

Nossa, que tristeza deixar o blog assim...tão solitário nesta rede louca que é a internet...
mas antes que cancelem minha conta (nossa, que drama) vou escrever um pouquinho aqui....
Lembram do Moby Dick? Acabei de ler!
Acho que poucas vezes li um livro com tantos detalhes. O Herman Melville descreve todos os detalhes da pesca da baleia, o que super humaniza a atividade.
Eu sei, eu também morro de dó das baleinhas (ou baleiazinhas) que de inhas não têm nada, já nascem maior que um homem adulto, mas na época era tão comum e necessário que não dá para condenar...
Por exemplo, eu não como peixe por alguns motivos, um deles é que você chega no mercado e vê ele lá, inteirinho no gelo, quase te olhando. Mas eu como carne de frango....e vai dizer que não é estranho igual olhar para um frango assado e ficar com água na boca?! Acho que desviei um pouco do assunto. Mas somos assim mesmo, cheios de contradições...morro de compaixão ao ver um boi com aquele olhar e com as orelhinhas levantadas, mas logo esqueço ao ser convidada a um churrasco...mas ao pensar em comer carne de cachorro...ai meu Deus!!! Enquanto indianos devem pensar, "como eles podem comer um bicho sagrado?"
Voltando ao Moby Dick, de qual forma eu iria saber que as cachalotes (uma espécie de baleia) têm litros e litros de óleo na cabeça para ajudar na flutuação, e que este óleo custava vidas de um monte de baleeiros e era usado até de remédio?
Não vou negar que no começo fiquei extremamente confusa...muitas palavras diferentes, o dicionário on-line ajudou no começo, mas depois que você pega o jeito fica mais fácil...
O narrador estava a bordo deste navio baleeiro, comandado por Ahab, um homem aficcionado por caçar o lendário Moby Dick (um cachalote branco cheio de lendas de seus ataques enfurecidos e, praticamente, imortal) para vingar-se por ter perdido uma perna em um ataque da baleia.
Não gosto de contar o final, mesmo sabendo que o livro é muito maior que o desfecho, outro dia conto uma história que explica esta minha agonia por spoilers!! hehhehe

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dica - Prêmio Jabuti

Hoje saiu a lista dos vencedores do 52° Prêmio Jabuti...
Vou deixar o link para a lista aqui...está por categorias.

Moby Dick - quero navegar!!!

Duas provas a menos! E essa semana estava tão terrível que li pouquinho pouquinho.
Antes, vou dar uma explicação que fiquei devendo...falei sobre a biografia da Clarice Lispector mas acabei não fazendo resenha nenhuma...tive uma idéia melhor. Isto porque agora quero ler todos os romances e contos da Clarice Lispector, mas na ordem que foi escrita, acho que vai ser melhor. Então, logo que acabei fiz um pedido no estante virtual, recebi meus livros (calma - não comprei todos!! hehehe), encapei e guardei. Quero ver se consigo também algumas pessoas para ler os livros ao mesmo tempo que eu, para poder discutir. Já encarreguei meu pai da tarefa, primeiro.
Como o último livro que eu comprei da coleção Clássicos da abril foi o Moby Dick, assim que acabei o livro de Benjamin Moser, quis começar outro e quem estava ali no meu criado?
Estou quase no fim do primeiro (!?) e estou gostando muito. Já entrei no google algumas vezes para pesquisar sobre baleias, sobre o espermacerte - o óleo que era a razão das caças. O pior é que eu imaginava que ia ficar indignada por ler esta excursão...gosto muito das baleias no cantinho delas...e que cantinho!
Lendo sobre Moby Dick (sobre porque ele é o personagem principal) estava lembrando de uma réplica imensa de baleia que tinha lá no Museu de História Natural de Nova York. Ela ocupava o teto de uma sala toda,
muito incrível...só ver gravuras comparando homens com elas não é a mesma coisa que ver uma em tamanho natural. Também me lembrei do baleiês do Neno...hehehe...mas agora estou fugindo demais do foco.
Resumindo...como estava demorando muito para postar e quando acabo um livro desses que tenho lido ultimamente (clássicos dos clássicos) e que influenciaram tanta coisa na história, simplesmente me sinto um nada pra comentar...difícil mesmo, tanto que comecei a variar... estou na metade do Comer, Rezar e Amar (hoje sai o filme!!! mas a minha carteirinha de estudante não chegou ainda =( Por isso vou escrever conforme o que estou lendo...
Livros do mês - Comer, Rezar e Amar
Moby Dick
















Detalhe - imagina que legal dormir nesse lugar?!Ainda sou capaz de ter pesadelo!




sábado, 25 de setembro de 2010

Criação Literária com Cristóvão Tezza

Concurso, cursinho 2, novos concursos, faculdade, prova...
Com pouco mais de uma semana de atraso, vou postar hoje sobre a palestra do Cristóvão Tezza aqui no SESC de Maringá. Dia 15 de setembro, como uma das atividades da Semana Literária do SESC, o autor paranaense-catarinense veio falar de criação literária.
Não pude avisar antes que ele viria porque eu mesma fiquei sabendo em cima da hora lendo o jornal. Foi uma correria, queria procurar meu gravador de Londrina, conseguir fita (é gente, quem fez jornalismo na UEL sabe que nossas fitinhas cassete não saíram de moda - apesar de acabar para sempre nas Americanas, na Sonkey...).
Foco: ainda tenho que pegar ônibus para ir para Apucarana, pinga pinga...nossa
Fui a primeira a chegar no SESC, apavorada com medo de estar cheio...esqueço que o pessoal não curte tanto assim literatura. Com o tempo foi chegando mais pessoas, a maioria de universitários de letras da uem e mesmo de jornalismo da faculdades Maringá.
O Tezza foi super simpático com todos, tirou fotos, autografou livros - eu eu sem nenhum, =( - recebeu tranquilo material de uns meninos maringaenses que escrevem também...
Sobre a criação literária mesmo, ele contou que antes de escrever um livro, precisa ter uma imagem inicial, o tempo cronológico e a estrutura narrativa que vai utilizar. Como ele gosta muito de fotografar, é muito ligado a imagem, por isto precisa visualizar uma cena antes de começar.
Por exemplo, para escrever Trapo, ele tinha em mente a imagem que formou de uma cena de outro livro e a utilizou no início do segundo capítulo. Outra curiosidade legal sobre Trapo é que ele começou a escrever os poemas de autoria do personagem principal como uma brincadeira de faculdade. Alguém falou que era legal e ele guardou, mas resolveu dar a autoria só para o Trapo mesmo, tanto que ele chegou a escrever para um site que tinha publicado a poesia como de autoria dele para dizer que na verdade era de autoria do personagem.
Quanto a poesia e romance, o Tezza falou uma coisa que iluminou o assunto para mim. Por exemplo, para eu pegar um livro de poesia é dificílimo (para não dizer impossível). Raramente consigo entender e aproveitar como aproveito os romances e contos. Foi aí que a definição dele veio como uma resposta a esta minha dificuldade. O Tezza começou a escrever poesia antes de ir para o romance, então, digamos, ele tem conhecimento no assunto, além de ter sido professor universitário:
"O romance, você consegue ler mesmo que não concorde com o narrador, mesmo que não tenha nada em comum" - e, neste caso ele citou Crime e Castigo e Lolita, como clássicos cujos narradores são criminosos e chegam a geram apatia do leitor, apesar de não concordar com eles. Já na "poesia, você só consegue ler até o fim se você concorda 100 por cento com o narrador", disse.

Este mês Cristóvão Tezza lança outro livro (e ele deu umas dicas para quem foi - mas só repasso quando ler!)

O autor esteve em Londrina também, vi ontem que a TV UEL fez uma reportagem...vou pôr o link aqui!

Foto 1 - Poliana L (sem comentários, minha máquina já está ficando problemática)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

De Clarice a eleições

Comecei a ler "Clarice," de Benjamin Moser no meio do ano, após pegar emprestado com minha amiga. Ela já tinha atiçado minha curiosidade antes, elogiando o livro que eu estava de olho desde o lançamento.
Li Clarice Lispector apenas na época de colégio, mas o assunto sempre me parecia tão distante... Quando vi esta biografia (no mínimo linda - adoro admirar livros) percebi que ela seria o caminho para Clarice.
Uni duas paixões...uma biografia e a literatura... pois para mim elas se misturam e diferenciam-se na mesma proporção, mas "Clarice," é toda literatura e sua biografia não poderia ser diferente.
No início estranhei um autor estrangeiro escrevendo sobre a brasileira estrangeira Clarice Lispector. Nos primeiros comentários em que ele situa o Brasil politico e economicamente fiquei com o pé atrás...Aquela coisa, já receio estes comentários, vindo se um norte-americano, ou estadinudense para quem preferir, estava armadíssima. E estou me surpreendendo...e feliz por estar me surpreendendo.
Nesta tarde li a descrição de Benjamin Moser do contexto que levou ao momento mais obscuro da história moderna brasileira - A Ditadura Militar - e fiquei impressionada com a clareza da explicação. Queria que todos os brasileiros tivessem este entendimento...
Aqui vou abrir um parênteses, estamos em ano de eleição e ontem vi uma reportagem que me deixou chocada. Sabe aquela coisa, você sabe que acontece mas se surpreende ao ver? Então... Ontem no CQC (e olha que o pessoal que me conhece sabe que eu passei a faculdade inteira reclamando do programa, é bom ser surpreendida assim) fizeram uma reportagem com um ator se passando por político e fazendo promessas ilegais e dando "agradinhos" aos eleitores. Um cara ainda teve a cara de pau de falar pro ator - detalhe: o partido também era fictício - que tinha votado no candidato na eleição anterior!

Voltando...ainda não terminei de ler "Clarice,", mas assim que ler deixo um comentário aqui.

Por enquanto vou deixar o link para o site da Rocco, editora dos livros da Clarice Lispector. e da Cosac Naify, editora da biografia.

Clarice,

Autor: Benjamin Moser

Tradução: Jose Geraldo Couto

Preço: R$ 82,00*

Fotografias: Claudia Andujar

Quarta capa: Yudith Rosenbaum

* consegui comprar por pouco mais da metade do preço o livro novo, na embalagem, pela Estante Virtual. Pena que acabou - acreditem, já procurei novamente.




terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dica - Skoob

Uma dica para os amantes da literatura que são, como eu, um pouco descontrolados e não mantém uma relação dos livros lidos...Na verdade comecei o blog também com esta intenção, registrar o que leio.
Minha irmã que passou o link me convidando para esta nova rede social para quem gosta de ler...
Não tenho dados de desde quando foi criado e essas coisas, vou dar uma pesquisada, mas parece bem interessante poder trocar figurinhas (ou livros)!
Bom gente, se o Skoob vai pegar não sei. Eu gostei e atende minhas necessidades, o duro é lembrar os livros que você já leu para registrar...estou indo por partes. Mas, foi a convite desta mesma irmã que eu abri minha conta no orkut, na época que era preciso convite de alguém participante...Demorei horrores para entender o orkut, ninguém tinha quase. Hoje não vivo sem... será que o Skoob vai fazer sucesso?

entrar_www.skoob.com.br

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Crime e Castigo - Dostoiévski


Já postei aqui sobre a coleção Clássicos da Abril...Na primeira semana comprei os 2 volumes de Crime e Castigo do russo Fiódor Dostoiévski. Acabei há mais de uma semana e parece que as referências ao livro aumentaram só porque eu li...hehehe
Acho que quem acompanha o blog deve ter reparado que resumir um livro é um tanto difícil para mim...é como falar de sentimentos, você fala, fala, fala, mas só quem sente pode entender o que estamos querendo explicar. E mesmo assim o outro só pode entender...nunca sentirá como sentimos, assim como ao ler novamente nunca temos as mesmas impressões...somos outros...
O começo do livro foi difícil para mim. Principalmente por causa dos nomes! Verdade! Principalmente entre Rodion Românovitch Raskólnikov e seu amigo Razumíkhin. Isso porque eu costumo aprender os nomes dos personagens mais pelo desenho das letras do que com o próprio som. Eu não leio um livro em voz alta, normalmente vejo o desenho, atribuo um som que acho adequado e vou até o fim assim... Como não me espantei ao ver o filme do Senhor dos Anéis e me deparar com Gândalf (estou acentuando a tônica) e não Gandálf, como imaginava...E a escola de magia Hogwarts do Harry Potter? Só com o primeiro filme percebi que o nome era muito mais simples do que o som Hogwasrfhegrjnefkhr que eu tinha na minha mente...Mas é tão bom criar um nome, um som... para mim é como os cenários de um livro, como as impressões...uma vez que você cria uma imagem e se apega a ela o livro todo, não sei os outros leitores, mas eu não gosto de mudá-la...
Outro exemplo de Harry Potter...como você imaginava os tios Dursleys? Para mim eram dois magrelos, altos, loiros...mesmo o primo...não sei se no livro está escrito que tem cabelos castanhos ou não, mas os meus tios Dursleys eram...
Como não tenho a mínima idéia de como as palavras, para mim estranhíssimas, do russo ficariam, não consegui associar muitos sons...aí a cada vez que aparecia um nome eu demorava para entender se era o protagonista ou o amigo dele...bom, isso no começo, também não estou tão ruim de memória assim...Queria mesmo escrever um pouco de Crime e Castigo, mas não quero usar fonte nenhuma...apenas minhas sensações...O personagem principal - Raskólnikov - é um ex-estudante de direito que abandona os estudos por falta de dinheiro. Para ele, um rapaz inteligente, acima dos outros homens, meros medíocres, não faz sentido deixar seus planos de ser alguém importante apenas pela falta de recursos. Ele resolve, então, para iniciar sua ascensão, matar uma velha usurária e roubá-la. Mas, no momento do crime, ele mata também a irmã da velha que chega no apartamento. Nos dias posteriores, Raskólnikov começa a ter delírios e um policial desconfia que ele seja o culpado, mas não tem nenhuma prova.
O resto não vou contar...se bem que é fácil de encontrar resumos na internet, mas não gosto de contar o final. Não que importe muito o final, pois na verdade Crime e Castigo é para ser saboreado, não devorado para chegar ao fim. Não é um livro que aguça a curiosidade para chegar ao fim das páginas. É um livro para ser bem lido.
imagem_Fiódor Dostoiévski (1821- 1881)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Dica - Promoções da Internet


Pessoas....esses dias falei sobre umas biografia e livros que estavam em promoção no submarino, não é?Então...dando uma passada para atiçar os meus desejos no site da Saraiva e Submarino encontrei duas ótimas opções para investir!
Como disse antes, não compro quase nenhum livro em lançamento...espero dar uma baixada, porque sempre o valor cai, mas na Saraiva o novo livro da Isabel Allende, "A Ilha sob o Mar" está por 39,20 (assim como no Submarino) mas com outro livro da autora de brinde: "A floresta dos pigmeus". Como não li nenhum dos dois, não posso palpitar muito, mas imagino que sejam ótimos investimentos, porque ela não é qualquer escritora...


Já a dica no Submarino não é muito novidade, mas demontra o meu ponto de vista. Na época em que os livros da coleção "As Brumas de Avalon" estavam na "moda", eles custavam 40 reais cada. A minha irmã comprou a coleção no sebo, bem baratinho, mas ainda acho que mais caro do que esta coleção nova no Submarino....olha o preço!? Ai gente, até pecado vender um livro tão bom a este preço...



terça-feira, 10 de agosto de 2010

Dica - Concurso Literário

Participar de comunidades não é tão ruim assim. Tá certo que de cada 20 e-mails a gente só abre um, mas recebi um pela lista da UEL que me interessou e acabei abrindo.
É de uma editora do Rio de Janeiro (na verdade não conhecia) que está fazendo um concurso de contos nas categorias abaixo:

"a) Crônicas - Narrativa breve, sobre a vida cotidiana, podendo ser informal, intimista, familiar, etc.

b) Cartas - Textos reais ou imaginários em forma de missivas.

c) Trovas - No estilo tradicional (composta de estrofes de QUATRO versos, com sete sílabas poéticas, rimadas em ABAB)."

Quem quiser saber mais, é só acessar http://www.guemanisse.com.br/ e conferir o regulamento!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Primeiro e melhor ídolo

Já falei aqui de algumas pessoas que me inspiram, mas hoje é um dia muito especial para a minha família - hoje meu pai completa 60 anos!
Muita gente já me chamou de esquecida e distraída, mas as coisas mais importantes nunca vou esquecer... Sou capaz de ver cores, formas, sentir cheiros e gostos que marcaram a minha infância.
Minha paixão por livros, pelo estudo e pela escrita é a melhor herança de meu pai. Ai
nda pequena, deitada na "saleta" da casa em Apucarana, lembro da primeira vez que ouvi o conto "Venha ver o pôr-do-sol", de Lígia Fagundes Telles, na voz dele. Acho que alguma das minhas irmãs precisava ler para o colégio, ou alguém achou o livro na estan
te e ficou curiosa.
E todas aquelas historinhas? Em qualquer churrasco, evento de família, sempre era ele que juntava a criançada para contar do macaco e o boneco de cera, a onça e o queijo...E se mudava alguma coisa na história, sempre tinha uma criança que se lembrava de uma vez anterior e corrigia. Também tinha aquelas vezes em casa, quando ele nos contava alguma história da sua infância, como a vez em que o tio Anselmo foi mordido por um cachorro, ou gato, e teve que levar um monte de injeção perto do umbigo contra raiva...ou dos porquinhos que seguiam alguém da família.
Adorava ir para o centro com ele nos fins de semana. Fazia uma festa quando ganhava um gibi, ia lendo desde a banca e ele ia com a mão no meu ombro para que eu não me perdesse ou esbarrasse em alguém, porque não tinha olhos para a ru
a, só para a Turma da Mônica.
Lembro também alguns fins de semana em que ele ligava o som com aquelas músicas - tipo "Rei do Cururu" - e falava "presta atenção nesta letra", mas eu nunca conseguia e acabava adormecendo ouvindo suas músicas que me pareciam tão estranhas e ao mesmo tempo tão acolhedoras...
Quanta coisa, pai, aprendi ao seu lado. Quantas vezes você, apaixonado também por livros, não deve ter deixado de comprar um livro que era de seu interesse para comprar algum para a gente, incentivar as filhas. Quanto apoio você nos dá, para tudo o que queremos fazer, mesmo quando discorda ou sabe que estamos indo no caminho errado, porque sabe que é com essa cabeçadas que vamos aprender.
Hoje, sou jornalista, sou sua filha, sou Poliana graças a você.
Quero poder ouvir e ler muitas histórias suas, quero que meus filhos aprendam com você o que é uma pessoa honesta, serena e, acima de tudo, corajosa. Eu cresci, mas meu herói continua e sempre será você.
Feliz Aniversário, Feliz dia dos Pais, meu blogueiro favorito!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Flip - Você perdeu?


Como falei...não pude deixar de assistir a palestra com Isabel Allende hoje às 17h15 na Flip. A transmissão pela internet estava muito boa, pena que falhou bem quando ela contava sobre o relacionamento (ou a falta dele) com o pai...

Ia só anotar algumas coisas, mas deixei o texto integral...tentei retirar as perguntas, porque estava tentando anotar toda a resposta e cortei muitas, não queria inventar.

Quem quiser ler, vou postar a entrevista completa, deu uma hora ao todo. No G1 (foto) já tem uma matéria, mas está focada em poucos trechos.

Isabel Allende – Mediador Humberto Werneck

8 de janeiro 2010 - Estava começando um livro.... Desde 1981 começo os livros na mesma data – com alguns rituais, acendo velas, faço meditação, cada vez o ritual fica mais prolongado, tenho certo temores. Cada livro novo é uma aventura, é como entrar em um recinto escuro onde está uma história e eu tenho que resgatá-la. “A ilha sobre o mar” [que está sendo lançado ] levou quatro anos de pesquisa. Sinto que meus personagens estão aí, tem algo quase mágico, há muita coisa que não me pertence.

Enfrentar papel ou uma tela em branco - Não me parece uma tortura escrever, mas o mais pesado é estar sentada todas estas horas. Mas o processo é fantástico, ainda que seja alguma coisa dolorosa, o trabalho da escrita é como entrar num mundo mágico.

Mau Livro - Percam o medo, escrevam um livro, mesmo que mau, depois consertamos um livro ruim, qualquer um deve fazê-lo...Todos os meus são ruins no início, depois eu tenho que corrigi-los e corrigi-los. As três primeiras semanas são terríveis, sempre sinto que nada sei, como se a escrita fosse uma montanha e como se nunca fosse chegar ao topo.

Erro - Como jornalista várias vezes. Mas como escritora, antes de “A Casa dos Espíritos”, escrevi “A gorda de Porcelana”. Depois do lançamento de “A Casa dos Espíritos” aquele editor publicou “A gorda de Porcelana”, era um livro ruim, eu quase morri de vergonha. Comprei quase toda a edição e não deixei ser reeditado, hoje é uma obra de colecionador.

(Mediador começa a falar de um personagem de Isabel)

Eu esqueci que tinha amputado a perna daquele personagem no livro anterior, tinha esquecido. No outro ele apareceu com a perna e um crítico falou: “isto é que é realismo fantástico!”

De um livro para outro

Todos são difíceis. Começar é sempre uma dificuldade e eu não me sinto segura, até chegar a opinião de quem lê as primeiras versões, eu fico insegura. Como eu escrevo em espanhol e moro nos EUA é um trabalho solitário, cheio de dúvidas e eu sinto que a voz critica em minha cabeça é cada vez mais dura. Antes minha mãe lia os meus livros, hoje ela já está com 90 anos.

Passado - Já escrevi vários romances históricos. Ele tem a vantagem de olharmos a história como expectador, como de uma grande angular. Para escrever “A Casa dos Espíritos” eu tinha toda a história completa em 1973, mas precisei de uma distância - até geográfica- para poder observar. Para mim é mais fácil...

O tempo presente - Acabo de terminar um romance que se passou em 2009. Não é que me assuste, mas gosto de ter uma distância para contar uma historia melhor, com ironia. Quando estou no olho do furacão eu não enxergo tão bem as coisas.

Língua - Infelizmente eu vivo em inglês com um marido que acha que fala em espanhol. E acabo escrevendo do jeito que ele fala. Tenho que pagar um tradutor para corrigir o texto. É muito importante o contato com a língua, é muito mais que a língua...é o humor, a chave. Quando volto ao Chile, volto no mínimo três vezes por ano, reencontro meus amigos, conversamos, eles me entendem , não tenho que explicar nada, é muito importante.

Escrevo não-ficção em inglês, mas ficção só em espanhol. Porque sai do vente e não da cabeça, não dá para procurar no dicionário.

Em casa falamos espangles....e quando brigamos, é raro, mas quando brigamos, ele fala em espanhol para que eu entenda, e eu falo em inglês para que ele me entenda...

Chile - Entra o chileno na comida, na música. Sou uma mulher chilena, muito mandona, tenho todos defeitos da mãe chilena - muito mais dominadora que a mãe judia, italiana. O estilo chileno está sempre presente na minha vida, mas moro nos Estados Unidos, o inglês faz parte da minha vida.

Personagens - O autor está na verdade em todas as personagens, porque ele escolhe contar aquelas histórias e não outras. Até mesmo nos personagens que detestamos, nos vemos neles.

“Plano infinito” - Estava fazendo uma viagem de promoção e conheci um gringo que contou a historia de sua vida - então o ponto “g” está na orelha, quando alguém nos conta uma história.

Mas a historia não acabou esta noite, tive que acabar a viagem promocional e depois fui encontrar meu filho na Venezuela. Ele me perguntou, “o que aconteceu mãe” e eu disse “estou apaixonada”, ele “mas nessa idade?” – eu tinha 45 anos na época. Então foi idéia dele que eu fosse passar uma semana nos Estados Unidos para esquecer ele.

Casamento - O que aconteceu é que eu precisava de um visto americano, já estava há três meses e o meu visto de turista ia vencer. Ele me disse que já tinha sido casado duas vezes, que casamento não era para ele, eu disse, “entendo, mas você tem até amanha ao 12 dia para decidir”. 11 e 45 ele me ligou, “sim”. Então foi assim, muito romântico...

Jornalismo e Escrita - Me ajudou muito [ter sido jornalista] e me ajuda muito. Me ajudou a usar a linguagem de forma eficiente. O jornalista tem pouco espaço para contar ao leitor uma historia de forma interessante, tem que ser eficiente, trabalhar contra o tempo, fazer o trabalho de forma constante. Também pesquiso muito.

O jornalista sabe que há um leitor para quem você está contando, há escritores que esquecem o público, eu acho que, como venho desse mundo, eu imagino o leitor, não quero cansá-lo, quero mantê-lo comigo até a ultima página.

Pablo Neruda - Eu era uma péssima jornalista, mentia à beça. Como jornalista não dava certo, mas isto não é defeito na literatura.

Foi ele [Pablo Neruda] que me disse que eu era uma péssima jornalista. Em 1973, agosto, o Pablo Neruda me ligou e me pediu para ir onde ele morava. Ele já era prêmio Nobel, era uma honra para mim. Comprei um gravador novo, lavei meu carro e fui. Foi um almoço maravilhoso, conheci a coleção de garrafas dele, ele colecionava um monte de porcaria.

Então eu falei “vamos começar a entrevista” e ele respondeu “eu jamais vou deixar você escrever uma matéria sobre mim, você é a pior jornalista do Chile, porque você não escreve ficção?” Um mês depois houve o golpe e ele morreu logo depois, dizem que foi pena, mas ele estava muito doente.

Pouco tempo depois eu também fui para o auto-exílio. Comecei a escrever para tentar recuperar minha memória, reunir quem estava espalhado pelo mundo, ressuscitar os mortos.

Se continuasse no Chile - Acho que provavelmente continuaria sendo uma péssima jornalista. Talvez, no fundo, eu já quisesse ser uma escritora. Foi antes daquele boom da literatura latino americana. Não havia estímulo. Mas eu comecei a escrever por necessidade, uma busca, desespero...

Cartas entre Isabel e sua mãe - Tenho um acordo com minha mãe de que ninguém lerá estas cartas. Tenho guardadas cartas no closet, divididas em caixas por ano. Ela me escreve todo o dia, agora espera juntar algumas páginas para enviar. Atualmente eu respondo por e-mail, nos falamos por Skype, mas ela continua me escrevendo as cartas. É uma pena, porque muitas conversas que temos no Skype não estão em cartas.

Elas serviram como material histórico, tinha a prova das cartas, claro que era minha interpretação, mas isto está se perdendo, hoje minha mãe está com 90 anos.

Existe um compromisso, a gente não escreveria com a mesma liberdade se outras pessoas fossem ler. Eu e minha mãe fofocamos muito.

Família - Minha família está em tudo o que eu escrevo, toda a família ficou brava com “A Casa dos Espíritos”, ficaram quase 20 anos sem falar comigo. Só quando saiu o filme é que voltaram a falar comigo - “agora tudo bem”. Quando escrevi a “Soma dos dias”, muita gente ficou ofendida...

Um dia vou escrever a historia da minha mãe, toda a historia, tudo o que aconteceu com ela é muito impressionante. Ela viveu a época da Segunda Guerra, era nova...

Meu pai eu não conheci, tinha três anos quando ele foi embora. Ele largou minha mãe sozinha quase tendo o meu terceiro irmão. Em Lima, onde eles moravam.

[por 2 minutos o sinal caiu]

A primeira vez que eu encontrei um cadáver, foi muito triste. Era meu pai...foi a última vez que o vi. Quando eu escrevi o romance [“A Casa dos Espíritos], minha mãe leu e todos os defeitos do meu pai naquele personagem. Eu ainda tinha colocado o mesmo dele, mas não sabia. Eu não conhecia ele, não tinha visto foto, minha mãe jogou todo. Eu devo ter ouvido isso alguma vez e ficou tudo gravado na memória. Mudei o nome do personagem, mas tínhamos que encontrar um nome com mesmo numero de letras.

Salvador Allende - Foi a única pessoa que manteve contato com minha família depois que ele [pai] foi embora. Também porque ele era amigo do meu padrasto, tanto que quando foi presidente ele nomeou meu padrasto como embaixador de Buenos Aires. Como era perto de Santiago, ele vinha constantemente fazer reuniões pessoais com o presidente.

Quando ele foi presidente, na verdade vi-o muito mais do que antes.

Não seria capaz de escrever uma biografia dele, não vi muito, não seria imparcial...

Uma vez estávamos em um almoço na casa de campo e tinha esse fuzil, que era presente do Fidel Castro para ele. E eu peguei o fuzil e apontei na cara dele e um segurança entrou na frente me derrubou. Dizem que ele se matou com um fuzil que tinha sido presente de Fidel Castro.

Adaptações - Agora “A Casa dos Espíritos” está no teatro e eles a transformam. Fazem outra criação com que eu não me identifico, mas sempre me parece uma honra que transformem minha histórias.

Humor - (Você continua sonhando com Antônio Banderas?)

Sim, ele não está mais tão jovem, mas eu também não...seria bom para um sábado de tarde.

(Quem interpretaria Isabel Allende em um filme da sua vida?)

Penélope Cruz...(risadas)

(A ultima vez que eu te fiz essa pergunta você falou Sonia Braga...)

Mas agora tem a Penélope Cruz...Gostava de uma loira, alta, com pernas compridas, mas ficaria muito estranho.

Feminismo - Nunca entendi o feminismo como uma guerra, eu gosto muito dos homens – primeiramente, Antônio Bandeiras. Trabalhei em revista feminina e feminista e era uma batalha contra o machismo. Achava que em 20 anos acabaríamos com o patriarcado. Atualmente tenho uma fundação para mulheres e meninas. 80% das mulheres no mundo ainda são submissas, casamento cedo, não tem direitos a educação, saúde...e é esse meu trabalho. Entendo feminismo como solidariedade feminina.

(a testosterona é culpada?)

É obvio que é. Quem agride são os homens. Se uma mulher estiver andando na calçada e encontrar outra nada vai aconteceu, mas se vê um homem na calçada, você sempre tem uma duvida. Na própria guerra, a maioria dos crimes é culpas dos homens. Acho que deveria eliminar a testosterona cedinho...

Reeditar - O humor é como peixe, se estraga rapidamente, reeditar uma série de humor como o “Civilismo Troglodita” não teria a menor graça. Passou rapidamente. Hoje o “Civilismo Troglodita” já não teria menor sentido.

Envelhecimento - Hoje me falaram do Pitangui, que ainda está vivo, eu pensei que talvez seja uma possibilidade. A maturidade tem coisas boas – poucas – e muita dificuldade, não gosto da dependência, das dores.

Mas vamos nos desprendendo da arrogância da juventude, ficamos mais humildes e mais livres conseqüentemente. Há uma volta para os amores já comprovados, da família, amigos, que ficam na vida. Acabam muitas coisas inúteis e, com a maturidade, eu não consigo agüentar o ruído. Não apenas o barulho do mundo, mas essa voz interior. Eu necessito de silencio, espaço interior, onde se manifestam personagens, os amores, os espíritos...

(Aplausos)

Como me vejo velha? Não sei...acho que vou diminuir ainda mais de tamanho. Espero continuar a ter cabelo e dentes – mesmo que artificial. Imagino que vou ser uma velha um pouco louca e mais depreendida do mundo, como minha mãe. Ela esta mais livre, tem uma espécie de sabedoria desapegada, nada importa. Essa grande liberdade eu gostaria de ter.

Dá para iluminar a sala para ver as pessoas?

Influências - Na minha juventude lia autoras femininas, buscava uma linguagem articulada para expressar minha raiva diante de uma sociedade que me parecia injusta. Romancistas russos, romances épicos. Quando tinha 12 anos estava no Líbano. Nessa época as meninas não saiam, eu descobri que havia Elvis Presley quando ele já estava gordo.

Meu padrasto tinha as “Mil e uma noites”, eram quatro volumes que ele guardava às chaves. Eu descobri onde ficavam e quando ele saía eu entrava no armário e lia as “Mil e uma noites”com uma lanterna, acho que aquele despertar me ajudou muito.

Li muito ficção cientifica depois. Mas eu sou da primeira geração de escritores latino americanos que tiveram oportunidade de ler latino americanos. Gente como Gabriel Garcia Marquez - que é mais velho que eu.

“A Casa dos Espíritos” - Sempre fui muito agradecida a ele, porque abriu o caminho para os outros, não teria publicado os outros livros tão facilmente se “A Casa dos Espíritos” não tivesse sido um sucesso.

Personagens masculinas e femininas - Escrevi personagens masculinas, por exemplo, o que representa meu marido, o Esteban de “A Casa dos Espíritos”, o chinês de “A filha da fortuna”. Mas trabalhei para mulher e com mulheres minha vida inteira...é mais fácil.

Críticos - Você está exposto ao fazer algo publico. No Chile, os críticos foram muitos duros comigo. Muitas vezes disseram coisas que eu não gostei e outras que não gostei mais serviram como uma boa lição. Por exemplo, um crítico me disse que um livro era muito sentimental, minha primeira foi de defesa “se eu fosse um homem ele diria isso?” Alguém falou que “Amor nos tempos de Cólera” de Gabriel Garcia Márquez era muito sentimental? Então recebo muitas criticas por ser mulher. Mas procuro não evitar a emoção, mas evitar o sentimentalismo água com açúcar.

Conselho - Escrever é como um esporte. O atleta precisa treinar todos os dias, mas ninguém vê isso. A mesma coisa é com a escrita. Você tem que escrever todo dia, pensar em palavras, historias, tem que ser constantemente. Você rasga e joga no lixo milhares de folhas de papel para publicar uma. É um treinamento, não pode ser um hobbie.

Não gosto muito da vida social, especialmente coquetel. Eu sou pequena, ficam todos em pé, só vejo os pelos nos narizes. Uma vez estava em um coquetel e um senhor se aproximou de mim e perguntou o que eu fazia, falei que era escritora e ele me perguntou “o que você escreve?”, “romances” e ele respondeu “quando eu me aposentar vou escrever romance”, e eu disse “quando eu me aposentar vou arrancar dentes!” Que falta de respeito. Escrever é uma obcessão, é uma vida, não é com o arrancar dentes.


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Isabel Allende - Especial FLIP


Gente, quem não leu Isabel Allende até hoje não faz idéia do que está perdendo...Ela é uma escritora maravilhosa. Na faculdade dei um surto-Allende e li vários livros dela seguidos, mas
parei para ler novamente quando fosse aproveitar mais. Porque não são livros para devorar, apesar da gente morrer de vontade de chegar na última página.
Posso indicar com certeza:

"Contos de Eva Luna" - (1998) foi o primeiro que eu li, minha irmã deu de presente para o meu pai, quando visitou o Chile...Voltei a ler na minha fase Allende, mas não lembro muita coisa. Também li a versão em espanhol.

"A Casa dos Espíritos" - (1982) começa como uma carta ao avô de Isabel que ela transforma em romance, tem elementos fictícios e autobiográficos, conhecia o filme desde pequena, quando veio em uma coleção da Folha - acho -, apesar de o livro ser bem melhor, como quase sempre, vale a pena assistir ao filme também;

"Paula" - (1995) autobiografia que Isabel escreve narrando as histórias da família e o sofrimento dela, como mãe, cuja filha está muito doente - nossa, chorei pouco;

"Retrato em Sépia" - (2000) tinha lido uma resenha deste livro na época do lançamento e sempre fiquei curiosa para ler, mas só encontrava por mais de 40 reais e ficava mandando energias boas para ele. No segundo ano da faculdade uma amiga foi para o Chile e Argentina e trouxe uma versão em espanhol para mim. Adoro muito, primeiro porque sempre quis, atendeu todas minhas expectativas e ler em espanhol é muito gostoso.

"Meu País Inventado" - este também li em espanhol e era emprestado desta amiga que me deu o Retrato em Sépia. Acho que era pouco depois do lançamento, porque também não tinha nem tradução ainda no Brasil, só encontrava em espanhol, Mi pais inventado. Este é bem autobiográfico e já não sei mais explicar a diferença...para mim eles se somam e formam uma história linda de romance, aventura, ficção e realidade.

Ler Isabel Allende é muito bom...

****Lembrete....palestra amanhã 17 horas na FLIP*****

_imagem / band.com

Flip - Um dia volto para Paraty

Ai gente...como é difícil estudar!
Amanhã tenho um simulado no cursinho e estou decidida a ir bem em português - ok, tem mais um monte de disciplinas-, mas realmente preciso ir bem em português...mais do que isto...quero entender português e este novo acordo ortográfico de uma vez por todas.
Como sempre, fiquei muito impressionada com a professora. Realmente. Ela falou sobre aquelas coisas que a gente sabe que é verdade e tenta ignorar porque mexe na ferida.
Eu sou uma jornalista, tenho até um diploma provando isto, gosto de escrever e pretendo escrever pelo resto da vida...em português... não tem jeito, vou começar a prestar mais atenção...
Confessei...hehehe

_________divagada básica_________________

Outra coisa está contribuindo para a minha tristeza...
Hoje, em Paraty está começando a Festa Literária Internacional de Paraty. Em todos jornais estão publicando alguma coisa. O homenageado desta edição é Gilberto Freyre e a palestra de abertura deve ter acabado de acabar (entendem?), com o nosso ex - Fernando Henrique Cardoso.Parece que rolou uma confusão com a organização, que perdeu um patrocínio grande e quase que o FHC não faz a palestra, massssss, tudo certo agora. Na revista Época desta semana, o organizador da Flip fala que eles nunca conseguem agradar todo mundo mesmo, o público da Flip é muito crítico, então é complicado...
Mas a tristeza não é por isto...na verdade acho um orgulho ter uma Festa Literária Internacional., mas queria estar lá naquela cidade bonita mais com cheirinho ruim...até isto eu relevava. Como conhecer a Flip está além da minhas possibilidades, além do tempo precisaria de $, uma vez que Paraty é uma cidade turística muito cara para o meu bico, nem queria entrar no site, ver programação, essas coisas....ficar igual cachorro vendo vitrine de padaria - se bem que eu nunca vi uma padaria com vitrine...
Então, não tinha pesquisado a programação, mas bem hoje me cai o Diário na mão e eu vi que a minha ídala Isabel Allende vai estar lá...
Para quem também adora os livros dela, o site da Flip http://www.flip.org.br/ fala que é possível ver as palestras ao-vivo pela internet...Como entrei depois da primeira, não pude testar, mas amanhã é Isabel, então vamos ver se vai funcionar...aí escrevo aqui...
10 horas tem uma mesa com o Moacyr Scliar...também queria ver, mas é hora do simulado...

_imagem / flip.org.br

sábado, 31 de julho de 2010

Dica - Bienal do Livro Paraná

Ok. Confesso...para uma jornalista até que estou me saindo uma ótima desinformada...Mas, antes tarde que nunca...
Ainda faltam 3 meses para o pessoal se preparar psicologicamente e financeiramente para a Bienal do Livro do Paraná. Achei o máximo, ainda mais por ser aqui pertinho...
Em uma matéria no Diário (jornal aqui de Maringá) vi que vai ter palestra com o Cristóvão Tezza, além de outras milhares de coisas.
Para quem quiser, o site oficial da Bienal é
www.bienaldolivrodoparana.com.br
A programação ainda não está no site, mas estou cadastrada na newsletter e assim que tiver mais informações volto a escrever!

Vou voltar para os estudos - novo acordo ortográfico - e depois, para relaxar, pro meu livro do momento, "Crime e Castigo".

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Dica Dica - Livros a 9,90 no Submarino

Tá certo que o blog é para clássicos, mas não posso deixar esta passar...
Eu AMO biografias, coisa de curioso intrometido na vida dos outros, mas ler alguém que não tem nada a ver com a pessoa, além de estudar - claro -, escrever um livro só sobre ela... nossa... fora as seleções...por que colocar esta parte da vida...ficar pensando o que ficou fora...
Também adoro promoções de livros - bom, promoções, que mulher não gosta - mas de livros... aiaiai...tão bom comprar um livro beeeeem mais barato...Então sempre que estou louca para ler um livro dou uma segurada. Eles imprimem zilhares e estocam um monte, uma hora precisam se livrar do estoque, pois, como diz meu novo professor, estoque não serve para NADA, mas a gente faz uma festa.
Agora o Submarino está com uma promoção de livros a 9,90...tá certo, tem uns bem "por que alguém me escreveu", mas achei um que eu estava de olho...Biografia da Madonna...
Para quem quiser também ou quiser me dar, o link está aí embaixo... nas prateleiras vocês acham o resto da promoção...

http://www.submarino.com.br/produto/1/21399499/madonna++50+anos+:+a+biografia+do+maior+idolo+da+musica+pop

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Germinal - Émile Zola

Andei dando uma boa sumida e abandonando meu blog, mas pretendo ir retornando aos poucos. Não vou poder atualizar mais com tanta frequência (algum dia eu consegui?). Assumi alguns compromissos novos, como frequentar um cursinho para o concurso do Ministério Público e ser caloura novamente, agora cursando Administração.
A idéia de escrever sobre o livro Germinal eu já tinha, na verdade se ele não está na lista dos livros a serem postados foi uma incrível auto sabotagem minha. Li o Germinal em 2009 e pretendo reler quantas vezes puder. Não tenho adjetivos para descrevê-lo...na verdade tenho tantos, mas nenhum seria o ideal.
Eu reconheço um clássico não apenas como um livro que você ama...se fosse assim, meu clássico dos clássicos seria a história da sementinha, um livro que tive no jardim e que chorei para doar para a biblioteca da escola em troca da minha carteirinha...na verdade eu sempre voltava lá e visitava o "meu" livrinho...Voltando, então, estes livros encantam a gente, mas o verdadeiro clássico não apenas encanta, é aquele livro que desperta sensações e sentimentos diversos, que você ama, odeia, sente asco, raiva, hesita em ler os próximos capítulos, se surpreende...
Um exemplo que eu não poderia deixar de citar aqui é "Ensaio sobre a Cegueira", do Saramago. Não tem como descrever certinho, é um livro pesado, as páginas custam para acabar, mas não por ser ruim, mas ao contrário, por ser tão fiel com a humanidade. Em ensaio os humanos mostram o seu lado selvagem, de bicho mesmo, dói ler coisas assim, a realidade espanta. Não é à toa que assim que li emprestei para uma amiga. Passou um ano e ela, sempre que me vê fala "ai Poli, não consigo terminar o livro". Eu tive muitos pesadelos, é difícil encarar a verdade assim, tão crua...
Bom, dei uma volta enorme para voltar em "Germinal". Na aula de fundamentos da administração o professor começou a falar de pessoas que influenciaram a administração e falou de Marx que, na opinião dele, ajudou não só a classe operária, mas também os patrões, que assim souberam "disfarçar" melhor a exploração, tentando agradar os empregados para controlá-los melhor...achei um ponto de vista interessantíssimo...nunca tinha pensado nisso, não é à toa que ele é o professor...hehehe...e nesta mesma discussão ele falou de "Germinal", mas do filme.
Eu nunca consegui ver este filme, nem preciso falar que na locadora que eu vou não tem e a minha internet está muito ruim para baixar, mas depois de ler o livro, imagino que o filme deve ser fichinha...
Émile Zola, pelo pouco que sei, dedicou parte da vida escrevendo livros ligados entre si, sendo que o "Germinal" foi o mais famoso. O livro fala da exploração de trabalhadores em minas de carvão na França do século passado - ou o outro ainda - que trabalhavam em condições, no mínimo, desumanas. Não querendo contar o livro, mas já contando, em uma parte, há um problema e os trabalhadores ficam presos na mina, centenas de metros abaixo do solo. Como se não bastasse, a desgraça era maior ainda tendo em conta a umidade e o frio lá em baixo...
não vou tentar explicar a cena, mas este também é um daqueles clássicos de ter pesadelos. Enquanto lia, meu pés ficavam gelados, imaginava aquela situação, mesmo sabendo que a minha imaginação não devia chegar nem perto do sofrimento deles...
Pra mim, Zola não precisava ter escrito uma coleção de livros, apenas a cena que citei acima já o coloca entre um escritor imortal da literatura...

domingo, 11 de julho de 2010

O Apanhador no Campo de Centeio - J.D. Salinger

Antes mesmo de escrever sobre "O Nome da Rosa" já tinha acabado de ler este outro livro. Já tinha ouvido falar do "Apanhador no Campo de Centeio", mas fui ficar mesmo curiosa quando vi o filme "Capítulo 27".
O livro de Salinger é dividido em 26 capítulos e, no filme, o outro capítulo é sobre Mark Chapman e os dias em Nova York até encontrar e matar John Lennon. Eu tive a oportunidade de estar naquela mesma calçada em 2008, mas com certeza preferia que a vida de Lennon não tivesse acabado assim.
A história do Apanhador é introspectiva, como se o narrador escrevesse exatamente o que ele tinha na cabeça no momento exato. É gostoso e intrigante ao mesmo tempo.
Pensei muito sobre o que escrever, mas encontrei uma resenha ótima sobre o livro, então acho que vale a pena replicar.
Quem puder, aconselho o livro e o filme.

sábado, 3 de julho de 2010

O nome da Rosa - Umberto Eco

10 dias sem internet...quase fiquei louca
Pelo menos consegui ler uns livros para postar aqui...
Estava bem desanimada lendo Virginia Woolf, então comecei a ler o nome da rosa que eu comprei no sebo aqui em Maringá...
Como passei alguns dias sozinha em casa enquanto meus pais viajavam, li a maior parte do livro sozinha. Mas eu sou muito medrosa, então só de ficar imaginando aquela abadia medieval coberta de neblina, com os monges acordando ainda no meio da madrugada e indo dormir ao pôr do sol - às vezes 4 da tarde -, confesso que achei que não ia conseguir acabar.
E também não peguei o filme ainda, só lembro de alguns flashes de quando assisti no colégio.
A história é do frade franciscano William de Baskerville, antigo inquisitor, e o noviço beneditino Adso, que o acompanha para reportar a viagem. Quando chegam a uma abadia, dias antes de um encontro com o "assessores" do papa, os dois tem que investigar uma série de crimes ligados à biblioteca do lugar - uma das maiores do mundo.
Entre as investigações, que me lembraram os romances de Dan Brown, sempre acontecem discussões sobre a pobreza - ou não - de Cristo e de como a Igreja deveria interpretá-la.

Sempre gostei de estudar a época medieval, então pensei que é um livro interessante para se ler no colégio. É claro que nas discussões filosóficas não entenderia nada, acho que por isto escolhem passar o filme para a gente. Não lembro muito daquele filme, além de retratar centenas de anos atrás, lembro de que ele parecia ser muito antigo também.


segunda-feira, 7 de junho de 2010

Biblioteca Virtual - Domínio Público

E-mais aterrorizantes correm por aí. Normal. Anunciam novos vírus que circulam na internet, alertam sobre os perigos da vacina contra a Nova Gripe, isto sem contar aqueles sobre os candidatos à eleição deste ano.
Mas recebi um hoje que valeu a pena. Não lembro de ter visitado o site domínio público, do Ministério da Educação e o e-mail avisava que iam fechar o site por causa do pequeno número de acessos.
Além de entrar no link e achar incrível a possibilidade de ler e baixar clássicos pela internet, encontrei uma notícia do meio de 2009 que falava deste e-mail circulando e que o MEC não vai fechar o endereço.
Eles têm uma seção só de Machado de Assis, com biografia e disponibilizando a obra completa do autor. Se for pra baixar livro na internet, que seja em um portal confiável assim.

Meus Clássicos - Lista

Como tinha dito nas primeiras postagens, estou colocando a lista de livros que pretendo ler e comentar aqui nos próximos meses. São aqueles dos quais sempre ouvi falar e sempre quis ler, mas muitos poucos realmente li. Também tem alguns que já conheço (li) e pretendo reler pois sei que são bons. A lista ainda é provisória, apenas um roteiro.

Ontem foi a vez do Retrato de Dorian Gray chegar às bancas. Já comprei o meu, encadernação linda, cheirinho de novo!

Antigos

Ilíada – Homero (séc VIII a.C.)
Odisseia - Homero
Édipo Rei – Sófocles (427 a.C.)
Decamerão – Bocaccio (1348 a 1353)
A divina Comédia – Dante Alighieri (1307 a 1321)

Língua Inglesa

Orgulho e Preconceito – Jane Austen (1700)
Oliver Twist - Charles Dickens (1837)
O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë (1847)
David Copperfield – Charles Dickens (1849)
Moby Dick - Herman Melville (1851)
O retrato de Dorian Gray – Oscar Wilde (1890)
Mrs. Dalloway - Virginia Woolf (1925)
As vinhas da Ira – John Steinbeck (1939)
Por Quem os Sinos Dobram - Ernest Hemingway (1940)
1984 - George Orwell (1949)
Moby Dick - Herman Melville (1851)
O apanhador no campo de centeio – J D Salinger (1951)
O grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald (?)
A mulher do Próximo – Gay Talese – (?)

Literatura Brasileira

Quincas Borba – Machado de Assis (1891)
Dom Casmurro – Machado de Assis (1899)
Os Sertões – Euclides da Cunha (1902)
Angústia – Graciliano Ramos (1936)
Olhai os Lírios do Campo – Érico Veríssimo (1938)
O tempo e o vento - Érico Veríssimo (1949 a 1962)
Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa (1956)
Dona Flor e seus dois maridos – Jorge Amado (1966)

Portuguesa

Os Maias – Eça de Queiroz (1888)
O crime do Padre Amaro - Eça de Queiroz (1875)
O nome da Rosa – Umberto Eco (1980)
A Peste – Alberto Camus (1947)
Ensaio sobre a cegueira – José Saramago (1994)
Ensaio sobre a lucidez – José Saramago (2004)

Russa

Os irmãos Karamazov – Dotoiévski (?)
Crime e Castigo – Dotoiévski (1866)
Ana Karênina – Leão Tolstoi (1877)
Lolita – Vladimir Nabokov (1955)

Lingua Espanhola

Don Quixote – Cervantes (1605 – 1615)
Cem anos de solidão – Gabriel Garcia Márquez (1967)

Francesa

Cândido - Voltaire (1759)
O Vermelho e o Negro - Stendhal (1830)
Madame Bovary – Gustave Flaubert (1857)
Germinal – Émile Zola (1885)
No Caminho de Swann - Marcel Proust (1913)
Ilusões Perdidas - Honoré de Balzac (1933)

Alemã

Fausto – Goethe (1806)

terça-feira, 1 de junho de 2010

O Filho Eterno


Este fim de semana fui para Curitiba com uma empresa especializada em levar o pessoal para fazer concursos. Bom, o que eu fui fazer lá?
Na ida estava aquele climão, ou era o sono mesmo de quem tinha que estar num sábado de manhã no local de saída da van. Como sempre, enquanto não conseguia dormir, fiquei pensando em algumas coisas, principalmente na ansiedade e nesta vontade de passar em concurso público. E isto me lembrou um livro incrível que li ano passado - O Filho Eterno, do curitibano - que na verdade é catarinense - Cristóvão Tezza.
Minha irmã e meu cunhado mostraram o livro para a família nos dias em que meu pai esteve no hospital ano passado.
É um romance autobiográfico do Tezza, na época em que sonhava em se tornar escritor e teve seu filho, com sindrome de down. Imaginem como era, se não me engano na década de 90, se hoje ainda há um preconceito enorme.
O autor não conseguia aceitar este filho, demorou anos para falar que tinha um filho com síndrome de down, o Felipe. E Tezza fala com sinceridade para seus leitores, abre a sua alma, revela seus pensamentos, mesmo aqueles que qualquer outro teria vergonha em partilhar.
Enquanto lia, como que partilhei as angústias com o autor. A dificuldade em aceitar seu filho, a infelicidade profissional.
Quando, em certo momento, ele começa a dar aulas na Universidade - professor concursado - ele fala quem mesmo não admitindo, "9 em cada 10 brasileiros sonham em ter um emprego público". E todas as experiências que eu tenho só confirmam isto.
Um livro para qualquer pessoa, qualquer família.

_1º lugar na categoria romance do prêmio Jabuti 2008

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Devaneios Noturnos

O sono bate, mas é só encostar a cabeça no travesseiro...problemas, soluções, planos, desistências,... Tudo passa pela minha cabeça nas horas que antecedem meus sonhos!
Inclusive a idéia do blog veio assim, assim como milhares de idéias que eu levaria duas vidas para pôr em prática e mais umas quatro para tocar em frente.
Da mesma maneira lembrei de umas coisas da infância. Quando aprendi a ler. Não são as primeiras lembranças que eu tenho, mas são tão gostosas. Depois que aprendi a entender as palavras, quando estes deseinhos deixaram de ser um emaranhado avulso e ganharam um sentido. Não necessariamente um significado, mas um sentido.
Mas se hoje eu gosto tanto de ler, naquela época aprender a ler virou um transtorno. Estava no carro com a família, passava por um letreiro e lia, via um papel e lia, tudo parecia tão complicado, eu nunca mais ia poder olhar nada que estivesse escrito como olhava antes, a partir daquele momento tinha que ler tudo.
E perguntava para minha mãe, por que consigo ler mesmo sem querer? Parecia mágica, me incomodava. Não posso olhar e escolher se quero ler? Agora VOU ler, não tenho mais opção?
Lembro até que comecei a ter dores de cabeça, mas isto já devia ser sinal que eu teria de usar óculos, como comecei a usar ainda na primeira série, mas para mim a dor vinha desta mania louca de ler tudo o que estivesse na minha frente, sem precisar, sem querer.

_ Mrs. Dalloway ainda está exigindo muito de mim. Estou dividindo meu tempo com ela e com meus estudos (nada animados) para concursos.
Para adiantar, esta semana minha amiga estava aqui, ela faz letras na UEM e estava contando dos livros que pretendo ler. Aí começamos a falar de Virgínia Woolf, bom, com toda a propriedade de que está apenas no primeiro livro me veio uma descrição que achei apropriada até o momento:
Parece um filme. Quando a câmera focaliza alguém, começa a ouvir seus pensamentos, de repente outra pessoa passa perto e a câmera vai para esta pessoa, ouvir os pensamentos dela. E assim acontece a história.
Quero acabar para poder escrever mais que uma frase sobre o livro.

Amanhã vou tentar postar minha lista provisória de clássicos.

Já é noite?

terça-feira, 25 de maio de 2010

Dica Quente!

Ontem passei parte da noite listando os livros que pretendo ler, inclusive alguns que já li e valem a pena reler sempre que der.
A lista passou dos 30 títulos fácil, tenho alguns, outros encontro nos maravilhosos livros da biblioteca do meu pai, mas vou deixar a busca com o tempo.
Aí vendo TV hoje à tarde (até fui na locadora para locar Dona Flor e seus dois maridos e As Horas, mas acreditam que a Blockbuster em Maringá não tem nem o segundo?) vi uma propaganda de uma nova coleção da editora Abril que vai me dar uma ajuda.
São 35 volumes da coleção "Clássicos Abril" por 14,90 cada. Não é baratinho, mas pensando que eu paguei ontem a média de 15 por livro no sebo, vale a pena. Ai, escolha difícil...quero todos os que eu não tenho!
Então vou colocar aqui o link, porque dá pra ver quando o livro que você quer chega nas bancas. Aí é só passar na Banca do Gaúcho - hehehhee merchan - e pegar o seu!


Ainda estou trabalhando em Mrs. Dalloway,

Boa tarde, boa leitura!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dona Flor e seus dois maridos


Antes de escrever sobre este livro, andei pesquisando sobre Jorge Amado para poder escrever sobre o autor em poucas linhas. Mas após a breve pesquisa descobri aquilo que desconfiava. Não é possível escrever pouco sobre Jorge Amado. São livros e livros famosos e clássicos da literatura nacional, sem contar a atuação política dele, que o levou à prisão e exílio.
Conheci as obras de Jorge Amado no colegial: Capitães de Areia, A morte e a morte de Quincas Berro D'Água, Terras do sem fim. Estes estavam nas listas dos vestibulares que eu ia prestar, então li. Mas os livros são incríveis. Não só do Jorge Amado, mas em geral. Em um livro existem no mínimo dezenas de outros. Os livros de Jorge Amado que eu li no colegial já mudaram muitas vezes para mim. Impressões, conhecimento, responsabilidades, tudo isto e muito mais é capaz de transformar um livro. Por isto gostaria de poder sempre revisitar minhas leituras. Quantas frases despercebidas, quantos pensamentos que poderiam ser melhor aproveitados.
Bom, não adianta chorar pelo livro lido. No fundo sei que cada um deixou uma marca em mim.
Dona Flor e seus dois maridos

Eu não assisti o filme e nem a série que a Globo fez inspirada no livro, mas sempre imaginei por ouvir falar que seria um livro todo a respeito das confusões de uma viúva convivendo com seu marido atual e o falecido.
Na verdade, dona Flor é uma personagem cheia de segredos, nada como as revelações de final de novela, mas segredos do cotidiano. Uma viúva respeitada pela vizinhança que tem que conviver com os desejos.
O Vadinho, primeiro marido é um malandro vivendo às custas da escola de culinária Sabor e Arte da esposa. Precisa dizer outra coisa? Apostas, mulheres, dívidas, lábia. Não quero entrar na discussão do jeitinho brasileiro porque eu me recuso a acreditar que ele é uma coisa do Brasil, para mim é instinto, o lado animal das pessoas. Opa, quem disse que não queria falar sobre...
A questão é que o Vadinho gosta de festa, não trabalha - apesar de ter um cargo público -, dá trabalho para a dona Flor. E mesmo as vizinhas que falavam mal dele após a morte, até mesmo para valorizar o outro marido de dona Flor, sentiam carinho por ele. Como uma criança que faz coisa errada e a gente: "Ah, mas é só uma criança", com Vadinho era "Ah, mas é o jeito do Vadinho".
Do outro marido, doutor Teodoro, tive até pena. Ele é o bonzinho da história, sempre agradando dona Flor, mas parece que ele conquista ela apenas por ser oposto ao Vadinho. Imagina, até faculdade de farmácia ele tinha!
Mas o conflito mesmo, quando dona Flor começa a ver o falecido e ele quer "vadiar" alegando que ela não estaria traindo o marido, é só beeeeeem no finzinho. Eu já estava intrigada com o Vadinho que não aparecia, afinal, já sabia a história, mas para mim este conflito nem é o mais importante do livro.
A ironia está muito presente. Maridos que são o oposto um do outro, a inquietação de dona Flor quando deveria estar feliz com o novo marido, a paixão por Vadinho e, mesmo diferente, o desejo por Teodoro.
Nem vou falar que é um livro que vale muito a pena...(Não me lembro de ter lido algum livro que eu não indicasse, que não tivesse nada interessante.) Leitura agradável, fiz em poucos dias. Acho que nesta lista vai ter mais Jorge Amado!

Boa tarde, boa leitura.


Livros - simples assim

Esta vida de formada e desempregada não é muito agradável. Tentei novos hobbies, não insisti em nenhum; fiz planos antes de dormir - duraram apenas até o sono chegar. Resolvi aproveitar este tempo ocioso para duas coisas. A primeira, prática, estudar para os concursos na minha área. A segunda é uma de minhas paixões, a leitura.
Então, como desafio, pretendo ler, reler e escrever sobre clássicos que selecionarei. Os meus clássicos. Dos livros "da moda" acho que já fiz minha parte pelo próximo ano lendo os quatro do Crepúsculo e os 11 da série Gossip Girl nestes meses. O próximo passo é fazer uma lista com livros para ler pelo próximo ano. 365 dias de leitura para me distrair e tentar me encontrar.
Para começar, Mrs. Dalloway da Virginia Woolf e Dona Flor e seus dois maridos de Jorge Amado. Outro costume...ler mais de um livro por vez.