Antes de escrever sobre este livro, andei pesquisando sobre Jorge Amado para poder escrever sobre o autor em poucas linhas. Mas após a breve pesquisa descobri aquilo que desconfiava. Não é possível escrever pouco sobre Jorge Amado. São livros e livros famosos e clássicos da literatura nacional, sem contar a atuação política dele, que o levou à prisão e exílio.
Conheci as obras de Jorge Amado no colegial: Capitães de Areia, A morte e a morte de Quincas Berro D'Água, Terras do sem fim. Estes estavam nas listas dos vestibulares que eu ia prestar, então li. Mas os livros são incríveis. Não só do Jorge Amado, mas em geral. Em um livro existem no mínimo dezenas de outros. Os livros de Jorge Amado que eu li no colegial já mudaram muitas vezes para mim. Impressões, conhecimento, responsabilidades, tudo isto e muito mais é capaz de transformar um livro. Por isto gostaria de poder sempre revisitar minhas leituras. Quantas frases despercebidas, quantos pensamentos que poderiam ser melhor aproveitados.
Bom, não adianta chorar pelo livro lido. No fundo sei que cada um deixou uma marca em mim.
Dona Flor e seus dois maridos
Eu não assisti o filme e nem a série que a Globo fez inspirada no livro, mas sempre imaginei por ouvir falar que seria um livro todo a respeito das confusões de uma viúva convivendo com seu marido atual e o falecido.
Na verdade, dona Flor é uma personagem cheia de segredos, nada como as revelações de final de novela, mas segredos do cotidiano. Uma viúva respeitada pela vizinhança que tem que conviver com os desejos.
O Vadinho, primeiro marido é um malandro vivendo às custas da escola de culinária Sabor e Arte da esposa. Precisa dizer outra coisa? Apostas, mulheres, dívidas, lábia. Não quero entrar na discussão do jeitinho brasileiro porque eu me recuso a acreditar que ele é uma coisa do Brasil, para mim é instinto, o lado animal das pessoas. Opa, quem disse que não queria falar sobre...
A questão é que o Vadinho gosta de festa, não trabalha - apesar de ter um cargo público -, dá trabalho para a dona Flor. E mesmo as vizinhas que falavam mal dele após a morte, até mesmo para valorizar o outro marido de dona Flor, sentiam carinho por ele. Como uma criança que faz coisa errada e a gente: "Ah, mas é só uma criança", com Vadinho era "Ah, mas é o jeito do Vadinho".
Do outro marido, doutor Teodoro, tive até pena. Ele é o bonzinho da história, sempre agradando dona Flor, mas parece que ele conquista ela apenas por ser oposto ao Vadinho. Imagina, até faculdade de farmácia ele tinha!
Mas o conflito mesmo, quando dona Flor começa a ver o falecido e ele quer "vadiar" alegando que ela não estaria traindo o marido, é só beeeeeem no finzinho. Eu já estava intrigada com o Vadinho que não aparecia, afinal, já sabia a história, mas para mim este conflito nem é o mais importante do livro.
A ironia está muito presente. Maridos que são o oposto um do outro, a inquietação de dona Flor quando deveria estar feliz com o novo marido, a paixão por Vadinho e, mesmo diferente, o desejo por Teodoro.
Nem vou falar que é um livro que vale muito a pena...(Não me lembro de ter lido algum livro que eu não indicasse, que não tivesse nada interessante.) Leitura agradável, fiz em poucos dias. Acho que nesta lista vai ter mais Jorge Amado!
Boa tarde, boa leitura.
_ Sobre Jorge Amado: http://www.releituras.com/jorgeamado_bio.asp
_ Nem a Rosa, nem o Cravo...: http://www.releituras.com/jorgeamado_nemrosa.asp
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