Um fim de semana em Boston

Este fim de semana fui conhecer Boston. Nos meus primeiros fins de semana aqui so de pensar em deixar Nova Iorque me dava agonia. Como assim passar dois dias longe daqui? Mas depois de ter conhecido vários lugares da cidade, resolvi dar uma esticadinha a Boston com duas amigas, uma brasileira e uma taiwanesa.
Apesar de alguns inconvenientes, como reservar o hotel numa cidade vizinha (era exatamente o mesmo nome, muita sacanagem) e passar quase uma hora resolvendo este problema e ter o meu cartão de debito preso numa ATM na primeira manha de passeio, foi uma viagem divertida. Adorei a cidade, mas realmente, dois dias não são nada em lugares assim. Também acompanhamos a porcentagem do tempo em Boston, que tem 54% do ano ensolarado. Pegamos um pouco mais de um dia inteiro com clima entre o nublado e o chuvoso.
Para quem nao gosta de se matar planejando uma viagem, os melhores lugares para visitar e tudo isto, recomendo ir com uma agencia. Nossa escola tem uma parceria com uma que oferece dois dias em Boston por $ 250 em quarto com outras quatro pessoas, dividindo duas camas de casal. O problema e que eles saem no sábado de manha e voltam domingo a noite. Como sao em media 4h30 de viagem, acaba sendo pouco mais de um dia efetivamente na cidade.
Nos, querendo economizar e comandar nosso cronograma, optamos por fazer tudo por conta própria. Como foi decidido na semana, nao ficou tao mais barato, mas se você faz este tipo de planejamento uns 15 dias antes o preco e melhor ainda. Escolhemos ir de Megabus, companhia recomendada pelo pessoal daqui, ida e volta ficou em $ 45. O primeiro hotel - o que nao ficava em Boston - reservamos pelo hotel.com e o segundo pelo priceline.com. Duas noites numa região bem localizada pertinho do metro custaram em torno de $ 110.
Chegamos de noite e fomos para o hotel descansar para sair cedo no sábado. Na primeira manha, fizemos parte da Freedom Trail, um percurso de 2.5 milhas sinalizados por uma linha vermelha pelas ruas de Boston ligando prédios históricos ligados a luta pela independência dos Estados Unidos. Quem se lembra da Boston Tea Party? Aquela revolta onde americanos invadiram três navios e jogaram as cargas de cha no oceano (canal) como protesto pelos novos impostos que a Inglaterra impôs sobre este produto.
Quase tudo o que vimos ali em Boston esta ligado a independência e fiquei bem chateada por no lembrar quase nada daquelas minhas aulas de historia. Sempre pensava, para que eu quero saber a historia dos Estados Unidos? - detalhe que eu sempre amei historia. Bom, pelo menos numa viagem você pode usar estes conhecimentos.
O caminho começa no Boston Common, num posto de informações turísticas, bem em frente a estação Park do metro. Falando nele, quase ri quando vi aquele ônibus que me lembrou o biarticulado de Curitiba na plataforma. Boston tem o sistema de metro mais antigo do pais, a Park e a estação mais antiga (devem ter outras que demoliram, porque como teria um sistema de uma estação?), mas algumas linhas tem estes trem/ônibus. Eles podem nao ser tao rápidos, mas sao eficientes de qualquer maneira. O preco também e mais camarada do que de NYC, $11 por um dia de passe ilimitado, $ 18 por semana. Nao me lembro do mês inteiro.

 Depois de seguirmos o caminho ate North End, resolvemos ir para Harvard. Mas, claro, a melhor universidade do mundo merece um post so para ela. Fica para depois. Como falei antes, o tempo nao estava bom. Em Harvard, que fica na vizinha Cambridge, começou a chuviscar. Tentamos descer na região do porto, mas ficamos "ilhadas" num supermercado esperando a chuva acalmar e voltamos para o hotel.

A noite, fomos num barzinho na mesma região, vizinho ao Fenway Park, o estádio de baseball do Red Sox. Este e o ano do centenário do estádio. O bar foi eleito o melhor bar de baseball (alguém pode me explicar isto?!) dos EUA pela ESPN. E hoje, vou ver o jogo do maior rival deles, o NY Yankees. Nao consegui pesquisar sobre as regras, vou ficar muito perdida, mas vale a experiência.

No domingo, voltamos ao caminho da liberdade. Resolvemos subir 294 steps do Bunker Hill Monument. Coisa de principiante, o cansaço foi terrível e a vista nem compensa tanto assim. Depois fomos no porto ver o USS Constitution, o navio da marinha que afundou de uma vez cinco navios britânicos durante a guerra, e que continua "na ativa". De la, pegamos um ônibus turístico que percorre os pontos mais famosos de Boston e ainda inclui um passeio no duck, o ônibus que entra na água e faz um passeio pelo porto. 

Ficamos o dia todo neste percurso, alem do duck, fomos para o Boston Garden e almoçamos novamente num dos lugares mais conhecidos da cidade, o Quincy Market. Apesar de ter adorado a viagem, conseguimos otimizar o nosso tempo la, queria muito ter feito a observação de baleias do New England Aquarium e ido no museu da Boston Tea Party. Alem do passeio de barco durar três horas, fila estava enorme, estava sem dinheiro e o tempo estava bem feio. A rima barata foi por acaso.

Quem sabe nao volto?

* a maioria das legendas estao no meu facebook, tenho que sair agora, mas atualizo a noite! =)

St John the Divine e os escritores

O dia 25 de julho esta quase acabando (no momento em que comecei a escrever este post eram 11:52 pm dos Estados Unidos, para os brasileiros o dia ja foi) mas queria prestar uma homenagem aos escritores. Conheço alguns pessoalmente e tem outros que apesar de so conhecer seus trabalhos acho que são meus amigos, porque acho que as palavras que você escreve são o melhor caminho para decifrar uma pessoa. E decifrar num nível de amizade, mesmo que unilateral.                          E acho que nada melhor do que isto do que o Canto dos Poetas na Cathedral Church of Sain John the Divine com nomes e frases dos maiores escritores norte-americanos. Entre eles Mark Twain, Washington Irving, Edgar Allan Poe, Emily Dickinson, Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Nathaniel Hawthorne, Herman Melville e Gertrude Stein.                                                            Queria estender a homenagem aos escritores de todo o mundo. Poucos sabem o quanto este trabalho e cansativo e desgastaste, mas a recompensa faz de tudo isto uma pálida lembrança. Muito legal guardar estes nomes num lugar onde eles raramente serão apagados, como numa igreja.   

E sobre a igreja, ela começou a ser construída em 1892, mas ate hoje não terminaram. Segundo o pessoal que da informações aos turistas, apenas 75% esta completo, mas desde 1994 a obra esta parada por falta de verba. Em 2001 teve um incendio, eles tiveram que restaurar parte da catedral, mas as obras eram apenas de reparação. Do jeito que esta, caberiam 10 mil pessoas ali dentro. Pronta, seria a maior do mundo. Mania de grandeza deste povo, mas tudo bem.

A nave tem sete altares de cada um dos lados lembrando algumas profissões e o empenho humano, entre elas a de comunicador. Nunca imaginava isto, mas talvez o fato de estar perto da Columbia University que tem uma faculdade influente de jornalismo tem alguma coisa a ver com isto. No vitral deste altar tem ate um protótipo de televisão de 1925 e a palavra linotipo. Engraçado uma catedral no estilo gótico ter estas referencias da modernidade.

Nao e preciso pagar para entrar, mas quando você chega da de cara com uma caixinha e o cartaz: Obrigado pela sua contribuição de $ 10. A pessoa da entrada te atende e entrega um folheto disponível em mais de 6 línguas. Algumas curiosidades:

- Os portais de bronze de 5,5 m de altura por 1,8 m de largura, com três toneladas cada um,  foram forjados na Fundição Barbedienne de Paris, mesmo local onde foi forjada a Estatua da Liberdade. Os desenhos retratam cenas bíblicas;

- O vitral da fachada, Grande Rosa, tem 12 metros de diâmetro e o maior do pais e contem mais de 10 mil pedaços de vidro;

- Entre os tesouros da Catedral destacam-se as Tapeçarias de Barberini, Cenas da Vida de Cristo, criados no século XVII;

- A cúpula sobre o cruzeiro foi erguida como temporária em 1909 e demorou apenas 15 semanas para ser construída. A Estatua da Liberdade sem o pedestal caberia com folga ali;

- As oito colunas de granito maciço que circundam o altar foram extraídas na ilha de Vinalhaven, no Maine, cada uma com quase 17 metros de altura, 1,8 m de diâmetro e 130 toneladas; (acho que esta parte eles podiam omitir, imagina se os trabalhadores que extraíram isto ai não eram explorados ao máximo como o catolicismo condena?)  

- Dois menorahs de 3,5 metros de altura ao lado do altar foram doados por Aldolph Ochs, fundador e editor do New York Times, e outros presentes foram recebidos do imperador do Japão Hirohito, em 1926, e pelo rei do Sião, em 1930;

- As capelas das línguas que circundam o altar principal são dedicadas a sete grupos de imigrantes que se estabeleceram no pais entre o fim do século XIX e inicio do século XX.

Na capela dedicada a medicina, este livro com nome de pessoas
que morreram por causa da Aids