Recebi a confirmação de que hoje a escola mandou o meu I-20, aquele documento que preciso levar no consulado para provar que eu vou só estudar lá em Nova Iorque. Só não estou conseguindo fazer o formulário e pagar a taxa Sevis, mas não estou tão desesperada assim, tento no início da semana que vem.
Falando em questões burocráticas, ontem, aniversário de Maringá, fui num escritório que presta consultoria para tirar o visto. Fui para sanar dúvidas e saí com pares delas. A mais intrigante, inclusive com a voz da pessoa que me atendeu, ficou martelando na minha cabeça: "Quais são os seus vínculos com o Brasil?"
O consulado pede alguns documentos que provem que você não está indo lá para morar, garantias que vai voltar para o seu país. Matrículas, certidões, escrituras de imóveis, documentos de carro. E meu maior vínculo sou eu mesma. Eu nasci aqui no Brasil, aqui no Paraná e aqui morei por toda minha vida. Tenho uma família, amigos, todos esperando que eu volte. E esta não é a melhor parte da partida? Saber que você tem para onde voltar, que tem uma cama na casa dos teus pais e um amor com o qual você planeja passar o resto dos seus anos.
Aqui no Brasil, a minha casa pelos últimos 11 anos tem sido Maringá. Nasci em Umuarama e morei em várias cidades: Apucarana, Santo Antônio da Platina, Cornélio Procópio. Depois que minha família se estabeleceu aqui, em 2001, ainda fui para Londrina (onde fiz faculdade) e Curitiba (trabalhei por três meses lá), mas continuei considerando aqui a minha cidade.
Demorei para gostar de Maringá, não foi uma paixão à primeira vista. Aprendi com muita paciência e o sentimento que me ligou à cidade foi o amor. Aquele amor sem sobressaltos que faz você respeitar o outro e, acima de tudo, desejar o melhor a ele.
Ontem, ao completar 65 anos, ao acompanhar dezenas de homenagens à cidade, ficava nostálgica ao pensar que, ao voltar dos Estados Unidos, devo recomeçar em Curitiba. Mas Maringá, os amigos que fiz aqui e meus pais estarão a alguns quilômetros de distância e não hesitarei em voltar para estes braços quando a saudade apertar.
Como um documento vale mais do que isto? Sei que estou sendo insensata, por isto já preparei a minha pasta com declarações, que representam formalmente o que sou, para encarar esta etapa.
*para ilustrar este post, fotografias minhas da Capela São Bonifácio, a mais antiga de Maringá, localizada no Cidade Alta e construída antes da cidade se emancipar. Só conheci o local este ano, uma vergonha para uma maringaense, por isto recomendo a todos que ainda não conhecem que separem umas horas de um fim de semana para gastar lá. Também vou indicar algumas reportagens sobre a capela publicadas em O Diário (aqui, aqui e aqui) e um vídeo do blog Maringá Histórica.
E saber que a capela fica colada no perímetro urbano de Maringá, do lado de um conjunto habitacional lá depois do contorno sul. Linda capela. Consta que foi feita no lote número 1 da zona rural vendido pela Cia Melhoramentos em Maringá. Começamos a cidade com fé!
ResponderExcluiresse mundo onde só papel tem valor nao tem nenhuma graça. como se um laço pudesse ser mostrado através dele... fazer o q, eh a vida
ResponderExcluirmomento tão filosófico e reflexivo..tão bom! :)
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